terça-feira, maio 12, 2009

É PRECISO TENTAR, A VIDA AINDA NÃO ACABOU!

É PRECISO TENTAR, A VIDA AINDA NÃO ACABOU!

Provavelmente no momento em que Cage, Rauchenberger, Cunnigham e muitos outros redefiniam o papel das expressões artísticas no século XX com performances, happenings, .... num mix de todas as manifestações da arte: música, teatro, poesia, artes visuais......, em um lugar bem distante de New York, porém não menos famoso devido a Jorge Amado e sua inesquecível Gabriela, um garoto tímido, franzino iniciava-se no teatro.

As primeiras experiências foram no Ginásio Municipal de Ilhéus. Na peça Chapeuzinho Vermelho, ele era o caçador que entrava em cena com uma espingarda disparando um tiro. Nada mais que isto. Numa outra vez com outro colega fez um dueto cantando uma música em italiano.

A principal experiência foi encenar “A bruxinha que era boa” de Maria Clara Machado, na qual teve um papel de destaque com o personagem “ Pedrinho’. Auditório lotado na estréia!

Na seqüencia, o garoto foi convidado para fazer novela no rádio. Muito comum naquela época. Os pais não consentiram.

Mas o garoto gostou da experiência e começou a dirigir peças com irmãos, primos, colegas da escola e da rua. Encenava suas peças (naquela época dramas) em quintais, varandas e outros lugares não muito apropriadas. E tinha platéia, sim!

Entretanto, a maior ousadia foi encenar uma peça tendo como palco uma mesa de ping-pong. Pode crer! Em cima da mesa a peça se desenrolou.

Não seria naquele momento, mesmo inconsciente e sem conhecimentos, uma sacada do que acontecia em New York, Berlin e mundo afora?

Depois disto, o artista que mal acabava de nascer, morre ou foi morto por si mesmo, pela ignorância da família e/ou crueldade da comunidade! O garoto não foi protegido pelo “São Jorge dos Ilhéus”, outro romance de Jorge Amado.

A vida seguiu seu curso igual ao de todas as pessoas comuns. Escola, universidade, diploma, anel de formatura, emprego, casamento, filhos e coisas que tais.

Mas, aquela alma artista angustiada por circunstâncias da vida ficou dividida entre Marx e Freud, dois grandes ícones. O primeiro garantiu o sustento da vida e da família, o segundo lhe monitora até hoje.

O artista fez fotografia. Nos momentos de crise escrevia/escreve o que denomina “psico-asneira’. O garoto sempre foi “arteiro”.

Na apresentação do seu site, Maria Sampaio amiga, irmã, comadre, mabaça bivitelina, declarou: “depois de cumprir gloriosamente o seu lado economista, educar suas meninas, deixou que sua arte estuporasse pelos sete buracos da sua cabeça em forma de ensamblagem”.

O artista chegou a terceira idade e costuma dizer que se não estivesse ensamblando estaria atirando pedras em vidraças. Mesmo considerando que correu mundo e viu que as coisas poderiam ter sido diferentes, ou até porque viu. Vá saber!

Evidentemente que estou falando de mim. Já deu para notar, né?

Recentemente lembrei-me da peça encenada em cima da mesa de ping-pong e, cheguei a conclusão que naquele momento nasceu e morreu um artista, talvez com as características dos artistas que fizeram a diferença no século XX.

Concluindo, creio que introduzi mais uma pergunta sem resposta para minha tumultuada existência. Porque deixei aquele artista morrer tão cedo?

O artista tenta ressuscitar, ensambla cacos, experiências passadas, vivências mis e outras coisas mais. E segue, mesmo sem respostas para tudo, sem saber se já não é muito tarde para correr atrás do prejuízo. MAS É PRECISO TENTAR, A VIDA AINDA NÃO ACABOU!

Luciano Freitas
Itacaré, 2/5/2009

3 comentários:

Luciano Freitas disse...

Querido amigo Luciano,
no hace mucho, intentando-practicando hablar português, me preguntaron que por qué había dejado de hacer cerámica?

Porque deixei aquele artista morrer tão cedo?
Parece que en tu pregunta hubiera un sentimiento de culpa.
Ni ha muerto el artista, ni es tarde para él: has tus ensamblajes como tu quieras, representa lo que sientes, lo que veas, disfruta y añade un poquito de cariño en cada y a cada uno de ellos, como hijos tuyos que son.
Y si en algún momento no se te ocurriera qué representar, dudaras que decir, te platearas qué estas haciendo, para, y tampoco es el fin del mundo. No conozco mucho la vida de los artistas, y reconozco que sus discursos me han superado un poco, pero de lo que estoy seguro es de que fueron y son humanos, y una característica de estos es la duda, sobre si, sobre lo que hicieron, sobre lo que hacen,...,
Hace poco leí:
Existimos- a que será que se destina?
No hace falta que te diga de quien es.
Como con tan pocas palabras se puede preguntar tanto?
Creo, es mi respuesta, a intentar ser felices con aquello que hacemos, con aquello y aquellos que nos rodean, con aquellos a quien amamos, y es muy importante también, dejarnos amar.

Andrés

Luciano Freitas disse...

Somos todos exímios exterminadores de artistas. Ainda bem que sobram alguns, ainda bem que muitos, como você, acreditam na ressureição.
Susan Boyle que o diga. Veja a moça, tentando, aos 22. http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1109252-7085,00-VIDEO+MOSTRA+SUSAN+BOYLE+CANTANDO+AOS+ANOS+DE+IDADE.html

Mario Gusmão

Luciano Freitas disse...

Acho que de fato nunca é tarde - até porque artista precisa ser desglamourizado tb. Sei lá, o que quero dizer é que aquilo que você foi continua de alguma forma, e disponível, mesmo que não necessariamente para uma carreira, mas para você se divertir um bocado. Essa da mesa de ping-pong eu queria ver!!!


Nilson